A sensação quando se termina Bright é daqueles filmes
que conseguem trazer uma perspectiva diferenciada ao cinema pipocão. De um
filme que não tem medo de experimentar novos territórios, estrear em uma cadeia
de streaming popular fazendo que todos possam ver no conforto de sua casa e
principalmente sair de um marasmo de falta de originalidade que existe no
cinemão americano no qual está vivendo às custas de adaptações e continuações.
Mas como sensações podem nos enganar, ao refletir de verdade Bright são ideias
que são melhores em outras mídias.
Escrita por Max Landis e dirigida por David Ayer,
Bright traz um conceito bem ousado: em uma realidade alternativa, as criaturas
mágicas vivem entre os humanos. Em uma caótica Los Angeles, o elfos vivem na
parte rica da cidade representando a elite da cidade, enquanto os humanos vivem
como a classe média (tanto alta quanto baixa) e os orcs são os marginalizados
dessa sociedade, que ainda vivem suas respectivas leis.
Para alguns poderia ser uma interessante perspectiva
de estudo de classes já que em outras obras de fantasia, por muitas vezes os
elfos são considerados marginalizados da sociedade, os orcs são os vilões e
principalmente os humanos são os salvadores e principalmente os paladinos da
justiça e da moral. E até nisso Bright faz a questão de quebrar esse paradigma
na construção e até por um lado na sua história. Entretanto o porém quando bate
é cruel.
A começar pelo plot da trama: Ward e Jacoby são dois
policiais rasos de LA. Ward volta após ser baleado por um orc e por muitas
vezes culpa o parceiro por não estar no momento. Enquanto os companheiros de
Ward querem destituir o orc por causa do incidente passado, o orc Jacoby sofre
preconceito tanto da polícia quanto da sua raça por não ser um sangue puro.
Após uma chamada de emergência, os dois policiais
descobrem uma casa que foi atacado por um grupo radical mágico. E quando chegam
por lá descobrem não somente uma varinha mágica que na palavra de muitos “uma
bomba nuclear que concede desejos” e também uma elfa que é uma bright, um ser
que pode utilizar a varinha mágica. Após o encontro, tanto Ward quanto Jacoby
vão fugir de todos os perigos que encontrarão na noite além de conhecerem mais
de si mesmos.
A direção de David Ayer é bastante interessante. Mesmo
com o fator fantasia que a trama tem, ele mantém o estilo que marcou em filmes
como End of Watch e Sabotagem entretanto, os erros de Esquadrão Suicida pesaram
a mão e em muitas vezes se percebe que ele tem problemas de conexão entre o que
acontece entre o espectador e os personagens da trama já que em momentos
emotivos, o diretor fala em transmitir isso. Se não fosse a poderosa atuação de
Joel Edgerton que em muitos momentos é o único que te faz seguir adiante com
todo o “absurdo” da trama.
Outro ponto é o roteiro de Max Landis para a trama.
Trazer o conceito a tona ajudou na trama mas os diálogos duvidosos, muitos
personagens extremadamente mal desenvolvidos ou dignos de terem linhas
decentes. Se querem entender isso bem claro, é só perceber o que acontece com
os personagens de Edgar Ramirez e da “vilã” Noomi Rapace. Enquanto isso, a
parte técnica é um espetaculo e o uso de efeitos práticos em determinadas cenas
de ação fazem a diferença provando que Ayer é um bom diretor de ação e nada
mais.
Bright detém algo muito importante: representa novos
passos para o cinema blockbuster. Aquele blockbuster que deseja ser algo
diferenciado e único. Mas como todo projeto que aspira mais do que se imagina,
falha em ter uma história que não anda muito para frente, personagens
extremadamente mal desenvolvidos e principalmente um desfecho aquém do que se
deseja. Ousadia, Bright tem, mas infelizmente nem todas as ideias podem
funcionar em uma mídia como filme … Se fosse um jogo, seria
bem mais interessante ...
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